A vida é uma pizza com várias fatias
Dinâmica, comunicativa e preocupada com a causa social, Helena Painhas tem sido consecutivamente, destacada para o Prémio “40 Líderes empresariais do Futuro”, atribuído pelo Fórum de Administradores e Gestores de Empresas – FAE e Grupo Impresa.
H elena Painhas, engenheira eletrotécnica, CEO do Grupo Painhas SA e mãe da pequena Alice, falou-nos da sua experiência de liderança num setor ainda fundamentalmente masculino.
Start & Go - Liderança no feminismo. Qual a sua opinião?
Helena Painhas - Atualmente faço parte do Conselho Consultivo das Mulheres de Energia, grupo criado pela Agência Portuguesa de Energia, e ainda no outro dia discutíamos essa temática. Na minha opinião a Sociedade Portuguesa é uma sociedade um pouco machista e na minha área de trabalho - na energia - ainda é uma área onde existe, e está provado com números, fundamentalmente homens.
Existe aqui grande discrepância entre homens e mulheres. Na verdade, e já tive algumas situações em que a minha opinião, numa primeira relação ou numa segunda interação, não eram consideradas. Contudo, passado algum tempo o que importa são as tuas ideias e a forma como tu tens,
ou não, soluções para os problemas. Com o tempo as pessoas esquecem se és um homem ou uma mulher. Já te ouvem, como uma pessoa, e vais ganhando o teu espaço no mercado, dentro e fora da tua empresa, em função da bondade, da capacidade que tu tens de motivar, de levar a fazer, de resolver, de liderar. No fim o que querem é que a pessoa, o ser humano seja homem ou mulher, seja um bom profissional e acho que, por isso, não faz muito sentido a liderança no feminino.
S&G - Como foi chegar a um cargo de liderança?
HP - Obviamente que eu trabalhando numa empresa do Grupo que foi com fundado pela minha família, tive sempre essa atividade facilitada. Foi mais fácil chegar até lá. Claro que me manter, manter o negócio a crescer e a correr bem já é outra questão. Eu acredito que o problema, às vezes, é a mulher poder chegar a essa posição e o caminho que tem de fazer. Depois estando de igual para igual com os homens, a situação já não se coloca e as pessoas acabam por perceber se aquele elemento os ajuda a resolver os problemas e a avançar.
S&G - Como se conjuga os diferentes papeis de mãe, esposa e líder de um grande grupo económico?
HP -Para ultrapassarmos as barreiras que existem na sociedade e mesmo das próprias mulheres, tem de se apostar na educação. Isto porque, muitas vezes as mulheres são muito críticas de si mesmo e de outras mulheres quando atingem uma posição de liderança. A mentalidade tem de ser trabalhada, principalmente em Portugal. Outros países já não é assim. Mas todas as mulheres que chegam a posições de liderança têm uma característica comum, são confiantes. Esta confiança tem que fomentada desde os momentos da escola, do liceu e do ensino básico. A mulher tem de ser ensinada, que consegue chegar até onde o homem chega. É mesmo uma questão de educação e de confiança. De dizerem “eu sou capaz e consigo”. E depois aceitarem também o desafio, pois por vezes é mais cómodo não o fazer. Atualmente, os homens também partilham a educação das crianças. Eu sou casada com um empresário e em algumas situações temos de nos revezar. Um dia está um mais presente, outro dia está mais outro.