MANUELA RIBEIRO
Consultora e criadora da metodologia THE CHOICE – service awareness
PRESENCING
Estar presente e permitir que as soluções possam emergir, a partir de um lugar de conhecimento interno
esde há 2 edições que viajamos ao longo do U da Theory U – Leading from a emerging future.
A Teoria U é um framework para transformação de sistemas organizativos, representado pelo formato de um U, do lado descendente, identificamos onde estamos e na fase ascendente, construímos o novo, esse futuro que em cada momento sinaliza querer imergir.
Até ao momento abordamos as duas primeiras fases:
- CO-INITIATING – no qual se define uma intenção comum para o projeto, a partir de uma atenção particular ao estado interior a partir do qual se atua. Que tipo de empresa gostaria de ser percebida pelo mercado? Que interligação teria com todos os parceiros de negócio, a sociedade e o planeta? O que é que se vive hoje, que já é uma semente desse futuro que a empresa quer construir?
- CO-SENSING – no qual se vai conhecer efetivamente o terreno, aqui o foco é colocado no observar, observar e novamente observar, atribuindo uma atenção profunda ao ponto a partir do qual se observa – porque é fundamental, que essa observação aconteça a partir de uma mente aberta e de um coração aberto.
E agora segue-se uma das fases mais exigentes, o PRESENCING – aquele ponto onde tentamos entrar em contacto com a Fonte de todo o nosso conhecimento interno, aquela sensação que já nos levou a deixar empregos estáveis, porque “algo” mais forte nos chamava para fazer outra coisa, a rever um contrato de venda nos últimos momentos, porque “algo” estava estranho naquela negociação e a lançar um produto, no momento certo e no formato certo, que se veio a manifestar com um dos produtos de maior sucesso da empresa.
Em qualquer um destes exemplos, mesmo que inconscientemente, nós temos acesso a uma fonte de conhecimento, talvez uma intuição, que nos mostra a direção a seguir
Esta fase do PRESENCING, é como que uma mudança de padrão mental e emocional, o que nos trouxe até ao fundo do U, não nos vai levar à intenção definida, por isso o desenho do U, tem uma interrupção neste ponto de inflexão. A linha descendente termina – segue-se um ponto – a linha ascendente tem início.
Esta fase é aquela em que sabemos que algo precisa de ser diferente na empresa, mas ainda não sabemos exatamente como seguir adiante. Conseguir segurar este “não saber” é um desafio imenso. Por vezes o hábito de agir rapidamente é tão forte que um “quick fix” acaba por se manifestar
muito mais dispendioso, do que o aguardar da clareza para agir.
O que fazer nestes momentos? Aumentar o foco na intenção já definida e aumentar o foco no PRESENCING, ou seja colocar toda a atenção em cada momento, perceber sinais, ver o sistema organizacional para além dos processos em si, sentir os modelos mentais que lhe são inerentes, ser o sistema que se vê a si mesmo.
Este lugar de “não saber” exige muito das pessoas que lideram a organização, exige vulnerabilidade e muita confiança para saber que a intenção definida é possível, que o processo está em curso e que aquela pausa faz parte do processo. Trata-se de um tipo de transformação em que não existe um Master Plan, mas sim um futuro que vai sendo Co-Criado.
Partilho uma situação em que este “não saber” foi determinante na vida de uma empresa multinacional, no mercado mexicano. A empresa estava numa situação económica e financeira muito difícil e o Diretor Geral assumiu perante a sua equipa de Direção que não sabia como seguir, sabia apenas que precisavam de algo diferente na estrutura organizacional e na interação com o mercado e que, em conjunto, com a equipa de Direção, iriam encontrar o modelo certo.
O impacto desta reunião criou o momento da mudança, porque a equipa de Direção sentiu que estavam