30 de Dezembro de 2022





ANTÓNIO NOGUEIRA DA COSTA

CEO da efconsulting |  docente e membro do N2i do IPMaia


Poças – Uma marca centenária


Como se constrói um negócio familiar e se assegura a sua continuidade geracional? Como se cria, mantém e eterniza uma marca? Dar o nome de família à marca e à empresa é um grande sinal de se desejar assegurar a perenidade desta união.



T udo começou em 1918, quando Manoel Domingues Poças Júnior, nascido no centro da azáfama do Vinho do Porto, decidiu fundar o seu próprio negócio. Aos 30 anos, com o tio, lançou um negócio para vender brandies a grandes produtores de Vinho do Porto. Pouco depois estabeleceu a sede da empresa em Vila Nova de Gaia, onde se mantém até hoje.


Primeiro o seu tio, depois os irmãos, a mulher, os netos: toda a família Poças veio a partilhar a sua paixão pelo vinho, combinando o respeito pela tradição com a mente aberta à inovação trazida pelas novas gerações.

Enfrentar e ultrapassar os múltiplos desafios ao longo dos tempos – Armistício, a 2ª guerra Mundial, a Revolução dos Cravos, as crises do final do século XX e as diversas das duas primeiras décadas do século XXI – somente com vontade hercúlea,

capacidade de inovação e grande apoio e sacrifício da família.

A Poças possui três quintas, uma em cada uma das sub-regiões do Alto Douro Vinhateiro – a mais antiga região vitícola regulamentada do mundo e classificada como Património Mundial pela UNESCO em 2001 - tendo no total uma área total de 100 hectares, sendo que mais de três quartos são ocupados com vinha.

Em 1992, com o Coroa d´Ouro 1990, foi das primeiras empresas de Vinho do Porto a lançar-se nos DOC



(Denominação de Origem Controlada), com a consultoria do enólogo e produtor do bordalês Château Angélus - Hubert de Boüard - que, ao visitar pela primeira os solos xistosos da Quinta de Santa Bárbara disse “C’est ça q’ c’est bon”.


Em 2018 a Poças Junior comemorou o centenário.


O 1º centenário ficou marcado pelo lançamento do Poças 1918, um Vinho do Porto Muito Velho criado a partir da seleção cuidadosa de um lote de Vinhos do Porto, guardado há anos na Quinta das Quartas, que obteve a pontuação de 97 Robert Parker. 

Esse ano ficou também marcado por diversas iniciativas que refletem a ligação da empresa e da família às artes e à cultura. No seguimento da comemoração do centenário, a empresa selecionou do antigo sótão da casa 100 objetos que traduzem uma perspetiva histórica da vida da Poças e da arte de fazer vinho, para os reunir num livro comemorativo que responde pelo nome de “100 anos 100 objectos”, onde realça que “fazer vinho é uma arte que, querendo ou não, é espelho de toda a evolução e revolução que um século contém.”

Gerida pelos primos da 4ª geração (Maria Manuel, Paulo e Pedro) a criatividade e a inovação continuam presentes na consolidação da marca ao logo do tempo, de que é exemplo o surgimento, aos 103 anos, da Gama Poças Vegan que reflete a certificação de vinhos vegan - atende aos critérios e protolocos estabelecidos pela European Vegetarian Union (EVU) e não utilização de substâncias de origem animal no decorrer da produção vínica.

E num mundo cada vez mais digital, surgiu o Trava-Línguas Tinto 2019, um Douro DOC que se apresenta com diversas facetas, em função do idioma e da cultura do mercado de destino. As ilustrações originais dos rótulos presentes em cada uma das suas identidades, são o resultado do desafio lançado a alguns ilustradores de renome, espalhados pelo mundo, que representarem a sua própria interpretação visual de um trava-línguas local.




Com recurso à App Poças Wines AR, a partir das ilustrações acede-se a uma experiência imersiva com o rótulo, através do smartphone, acrescentando valor à experiência de beber um bom vinho.


Assumindo que a inspiração está no inigualável terroir do Douro e que a resiliência é o nome do meio da família, a Poças (empresa e família) está destinada a sobreviver para celebrar o 2º centenário de vida em mãos das gerações vindouras.


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