30 de Dezembro de 2022





HELDER BARBOSA

Licenciado em Gestão e Mestre em Marketing


A importância das lojas com História. Fatores de sucesso e oportunidades!


Cada Marca terá a sua história para contar, qual a sua origem, a justificação para a sua existência, as causas que defende e o propósito que visa alcançar. No entanto, para se tornar uma marca centenária (i.e., histórica), o que tem a dizer deve ser relevante, impactante e valorizado pelos consumidores.


Deste modo, são vários os fatores que justificam o sucesso das marcas e a sua maior longevidade, por exemplo, resistência, reinvenção, transformação, criatividade, inovação, diferenciação, distinção e autenticidade. Além disso, as marcas são feitas de pessoas, por pessoas e para pessoas, motivo pelo qual, a qualidade de trabalho prestado é fundamental para conquistar, diariamente, a confiança e a lealdade dos clientes. Quando isso se verifica, os clientes transformam-se em Embaixadores da Marca, partilham, repetem e recomendam os benefícios dessa, valorizando-a em diferentes canais de comunicação e para diferentes públicos.

Conquistado um nível elevado de comprometimento, a relação dos clientes com a marca deve ser recíproca. Isto significa que cabe à Marca a tarefa de continuar a satisfazer e a superar as expetativas dos clientes, de modo que a relação se estenda, perdure no tempo e transite gerações.


Deve-se reinventar, renovar e modernizar o Retail


Na verdade, com o passar do tempo (cujas fases compreendem a introdução, crescimento, maturidade e declínio), as marcas correm o risco de perecer, sobreviver ou evoluir (i.e., prolongando a sua fase de maturidade). Para alcançar este último desiderato, as marcas devem refletir, questionar-se e evoluir (sendo que evoluir não significa mudar tudo), por forma a manter-se, continuamente, presentes na mente e coração dos consumidores. Para tal, as Marcas devem reproduzir uma história que remeta a uma relação única, conjunta e partilhada entre clientes e a respetiva Marca. Esta construção é fundamental para que as Marcas possam reavivar memórias, sentimentos, emoções e sentidos ao longo de várias gerações.

Neste contexto, as lojas centenárias que ‘habitam’ as cidades são património, cultura, identidade e são, literalmente, locais de atração e encontro de partilha social e cultural entre gentes da terra, residentes, visitantes e turistas. Assim sendo, é irresponsável ‘eliminar’ estas Marcas, locais, espaços, rotas e rituais. De facto, pode inferir-se que a atividade de 






Turismo, sem lojas centenárias e/ou com história, cultura e património, não é inclusiva, diversificada ou distinta. Assim, sendo irrefutável a sua importância, a recuperação, reinvenção e revitalização do retalho histórico nas cidades é imperativo. Na verdade, perante outros interesses (por ex., imobiliários, financeiros), felizmente algumas cidades (por exemplo, Lisboa e Porto) têm sido pioneiras (para mais informações consultar o sítio online https://www.comerciocomhistoria.gov.pt/)  no reconhecimento e preservação de retalho histórico, protegendo e beneficiando a sua essência, representatividade e identidade das cidades. Provavelmente será necessária mais agilidade e cooperação, mas o caminho está trilhado.


Em suma, o Retail faz parte das cidades, das suas gentes e das suas histórias, um dos principais motivos pelo qual deve estar, mais que nunca, conectado ‘umbilicalmente’ à atividade de Turismo, sendo esta última, a âncora e alavanca da atividade económica, capaz de gerar valor, promover e distribuir riqueza por vários stakeholders, dos quais se inclui os colaboradores.


Para tal, deve-se reinventar, renovar e modernizar o Retail nos centros das cidades (ex., Bolhão na cidade do Porto), de modo a desenvolver uma atividade retalhista ímpar, única e exclusiva (que não compita pelo preço, mas pela qualidade), repleta de lojas históricas (onde, literalmente, mostre os ofícios, costumes, artes e história), tradicionais, luxuosas (e.g., que apresente e eleve a qualidade da indústria e produção nacional), tecnológicas e modernas, fazendo jus à diversidade de formação e educação de excelência promovida em Portugal. Certamente muito haverá a fazer e isso é, no mínimo, estimulante!




«As lojas com história são a alma das cidades».


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