1 de Maio de 2022





HELDER BARBOSA

Licenciado em Gestão e Mestre em Marketing


Retail for Seniors


O papel da tecnologia e da interação humana.



AAmazon foi pioneira a explorar o conceito cashierless e prepara-se para prosseguir a sua expansão, inclusive na Europa. Outros players, dos quais se destaca o retalhista Continente, em parceria com a tecnológica Sensei, também se revelaram disruptivos, apresentando uma solução cashierless inédita, inovadora e sem precedentes. O conceito comercial é simples: o cliente entra na loja, retira das prateleiras os produtos que deseja comprar e sai da mesma sem ter de esperar em filas ou registar as compras. O pagamento é automático via aplicação/telemóvel.

Na verdade, esta solução comercial procura encantar os consumidores que valorizam conveniência, flexibilidade e rapidez no processo de compras pelo que a sua eficiência conduzirá a um incremento na frequência, repetição e recomendação do conceito. É, assim, expectável a multiplicação destes formatos comerciais que, aliás, se podem equiparar a uma ‘despensa conveniente’, à qual, cada cliente pode aceder sem complicações de ‘trânsito’ ou de ‘tempo’. Trata-se de mais um upgrade no conceito de ultra proximidade em fortes aglomerados populacionais, mas também em locais recônditos, nos quais pode ser extremamente útil. Estas tecnologias podem ainda aumentar a eficiência de modelos emergentes, tais como o Q-commerce ou Darkstores através da melhoria dos processos logísticos.

Assim se conclui que aumentar a rapidez no ato de fazer compras no 







retalho alimentar (e não só) é uma proposta comercial que muitos consumidores anseiam e valorizam. Da parte do retalhista, a quantidade e qualidade de informação produzida permite, também, compreender em profundidade o comportamento de compra do consumidor no ponto de venda físico. Informação esta que permite decidir e agir no momento, concedendo ao retalhista vantagens ímpares e diferenciadoras. Tecnologias como computer vision, machine learning, artificial intelligence, augmented reality, virtual reality, entre outras, poderão, deste modo, contribuir para uma melhor experiência no retalho físico, mas também nos processos logísticos, particularmente de última milha.

Não obstante, levantam-se outros desafios, tais como, a aplicação destas tecnologias em pontos de venda de maior dimensão, como solução única ou mista. A verificar-se poderemos observar no mesmo espaço comercial diversos tipos de pagamento possíveis, a saber, caixas de pagamento tradicionais, caixas de pagamento livre serviço, pagamento através de smart shopping cars, mobile shopping ou cashierless. Outro desafio, é a perda potencial de interação humana, entre clientes e colaboradores.

Neste sentido, as opções estratégicas dos retalhistas irão influenciar e definir a oferta experiencial praticada e o target atingido. Alguns retalhistas, certamente, defenderão que os ‘antigos’ operadores de caixa (modelo cashierless) terão agora um novo papel com mais enfoque no cliente, valorizando-se a empatia, comunicação e negociação, como

Tecnologias como computer vision, machine learning, artificial intelligence, augmented reality, virtual reality, entre outras, poderão, deste modo, contribuir para uma melhor experiência


principais skills requeridas. Estas características são, aliás, de enorme relevância para a gestão de um target ‘previsivelmente’ cada mais sénior.

Na verdade, a assunção do inevitável envelhecimento da população (o que pode não significar menos digital!) incita a repensar a oferta experiencial atual direcionada à população sénior. De facto, verifica-se um esforço significativo de adaptação à tecnologia, por parte da população sénior, como se infere pela crescente utilização de smartphones. No entanto, continua por satisfazer-se necessidades de carácter mais emocional, afetuoso, e empático no ponto de venda, principalmente do target sénior (por exemplo, momentos para socializar, conversar, fazer parte da comunidade, e nutrir sentimentos de pertença e de utilidade).

Em suma, haverá espaço para uma oferta experiencial dirigida a seniores, menos digitais, mas mais sociáveis. Por exemplo, adaptando o perfil de colaborador (mais sénior) e o respetivo ponto de venda para esse target? (por exemplo, supermercado para seniores).























o inevitável envelhecimento da população (o que pode não significar menos digital!) incita a repensar a oferta experiencial atual direcionada à população sénior.."


Helder Barbosa



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