MARIA DE JESUS FONSECA
Consultora em GRH e Comportamento Organizacional
Práticas de Recursos Humanos: “O quê”, “Como” e “Porquê”
Dando continuidade a um artigo que escrevi anteriormente, nesta Revista, sobre a Black Box dos Recursos Humanos, venho falar-vos nesta edição sobre os três componentes da Perceção dos Colaboradores sobre as Práticas de RH.
eferia eu, no artigo anterior, que o Colaborador está no centro da relação entre as Práticas de RH definidas pela empresa e os resultados individuais e organizacionais obtidos. Ora, o mesmo é dizer que as idiossincrasias dos Colaboradores e as suas perceções sobre as Práticas de RH têm uma forte influência na eficácia das Políticas e Práticas de Recursos Humanos.
Assim, verifica-se uma preocupação crescente na Gestão de Pessoas pela compreensão das opiniões e sentimentos dos Colaboradores no sentido da personalização das Práticas. As perceções, entendidas como o conjunto das opiniões e sentimentos resultantes das interações que são geradas entre o Colaborador e a Empresa, têm três componentes fundamentais: “O quê”, “Como” e “Porquê”. Reflita sobre as seguintes questões:
“O quê”:
que conteúdo é transmitido através das nossas Práticas de RH? Que mensagem estamos a comunicar aos nossos Colaboradores e Candidatos?
“Como”:
Aquilo que transmitimos pode conduzir a interpretações divergentes? Como é que as nossas Práticas são enquadradas e recebidas pelos Colaboradores?
“Porquê”:
Quais são as nossas motivações? Que intenções julgam os nossos Colaboradores que temos por trás das Práticas de RH?
As Práticas de RH são, assim, uma importante forma de comunicação entre a Empresa e os Colaboradores. E, tal como acontece em qualquer processo comunicacional, pode haver várias barreiras. Daqui resulta a necessidade de implementar algumas ações para limitar falhas e aumentar o alinhamento:
1) Medir e operacionalizar as perceções dos Colaboradores, incorporando-as nas suas Práticas para
que estas sejam verdadeiramente motivadoras, vibrantes e capazes de promover o envolvimento
2) Avaliar a discrepância das perceções entre diferentes segmentos do seu mercado interno, por exemplo, Gestores e Colaboradores; Seniores e Juniores; Homens e Mulheres, etc
3) Co-desenhar as Práticas com os Colaboradores, através de Focus Groups ou metodologias de Design Thinking
4) Desenhar Práticas diferentes para dar resposta às necessidades específicas de cada segmento interno, pois para uns elas podem ser muito importantes e para outros, totalmente irrelevantes
5) Definir previamente e comunicar, com clareza, a intenção e os objetivos das diferentes Práticas para prevenir má comunicação e interpretação que pode conduzir a atitudes e comportamentos indesejáveis
melhores resultados possíveis se os colaboradores não conseguirem fazer sentido dele e se a mensagem não for coerente, consistente e constante.
Há evidências de estudos empíricos que confirmam que as perceções positivas dos Colaboradores estão relacionadas com resultados positivos, tais como, envolvimento, satisfação, bem-estar, desempenho, produtividade, criatividade entre outros.
Inversamente, quando os colaboradores apresentam perceções negativas, apresentam mais intenção de saída e expressam emoções mais negativas.
Em suma, a perceção do Colaborador é um indicador da eficácia do sistema de Recursos Humanos, bem como da Comunicação Interna.
Que ferramentas usa para a medir as opiniões, sentimentos e perceções dos seus colaboradores?