19 de Janeiro de 2022





LUIS LOBÃO

Professor e Consultor


O MEU MAPA DO FUTURO... E ALGUMAS EXPECTATIVAS!


Falar sobre o futuro é um exercício sempre atraente! Desde que o mundo é mundo, a vida está em constante movimento.



Pequenos acontecimentos, isolados ou nem tanto, juntos a diversos outros possíveis fatores, criam contextos. E contextos, somados a outros, dão origem às grandes mudanças. Todas as casualidades são interdependentes, responsáveis por gerar transformações estruturais na natureza e na humanidade. Direta e indiretamente, tudo está conectado; e quanto mais conscientes estivermos disso, melhor desenvolveremos a capacidade de lidar com as pessoas e os acontecimentos à nossa volta. As tendências de negócios para 2022 apontam para mudanças profundas no mercado e, ao mesmo tempo, uma grande expectativa de continuação na recuperação da economia mundial. Apresento abaixo a minha leitura sobre as 05 principais tendências, sem a pretensão de estar certo ou de que querer adivinhar o futuro com uma certeza absoluta, são somente notas de um observador:

#1 (Re)Humanização globalizada:

Depois de uma década marcada pela síndrome de burnout e transtornos de ansiedade, o mercado volta as atenções para a humanização e prioriza o bem-estar e a saúde. Nesse ponto devemos destacar que a pandemia mundial da Covid-19 abalou ainda mais o cotidiano, testando a resiliência psicológica das 







pessoas, limitando suas experiências e provocando choques econômicos.

Como as empresas estão auxiliando seus colaboradores e consumidores a lidarem com circunstâncias adversas a conquistarem autoconfiança? O funcionamento e as regras gerais da sociedade entraram em colapso. Em função do foco nos bens de produção e na tecnologia, exercido excessivamente nas últimas décadas, esquecemos de dar atenção às necessidades humanas mais fundamentais para viver com qualidade de vida. A sociedade literalmente adoeceu, alcançado registros de doenças causadas por stress, fadiga e isolamento em proporções nunca vistas na história. Agora se inicia uma reorganização, priorizando principalmente a saúde e o bem-estar da população. Na era das crises de ansiedade, síndromes do pânico e diagnósticos cada vez mais crescentes de depressão (segundo a Organização Mundial da Saúde), estarmos atentos à saúde mental e desenvolvermos consciência emocional é o primeiro passo para restabelecermos qualidade de vida, incluindo condições básicas para o desenvolvimento de qualidade laboral.

#2 Web 3.0:

Mais um termo tem surgido nas conversas relacionadas à tecnologia, ao blockchain e ao metaverso. A primeira fase da internet marca a maneira como os usuários inicialmente interagiram na rede. A maioria era formada por consumidores passivos de conteúdo. 

Acessavam sites de notícias, portais, chats de bate-papo e alguns serviços de mensagens. Com a Web 2.0, fase em que estamos, essa relação mudou. A interatividade ganhou força. Passamos de usuários passivos para ativos. A criação de conteúdo cresceu de forma exponencial. A rede se tornou mais social, criativa e colaborativa, mas isso teve um “preço”. Todas as plataformas, nas quais é possível criar conteúdo, têm acesso aos dados privados de seus usuários. Elas se aproveitam dessas informações para, dentro de seus algoritmos, enviar ofertas customizadas e bombardear as pessoas com informações que julgam relevantes. Mas com o advento do blockchain, uma esperança de algo diferente surgiu, eu diria até sem medo de errar que é a nova internet. A principal inovação dessa rede é a criação de plataformas que nenhuma entidade central controla, mas que são extremamente seguras e confiáveis. A ideia principal é dar mais protagonismo, privacidade e controle aos usuários. A principal vantagem da Web 3 é que ela tenta resolver o maior problema gerado pela Web 2: a coleta de dados pessoais por redes privadas, que são vendidos a anunciantes ou até mesmo atacados por hackers. Além de tudo isso, também teremos essa integração com o Metaverso. Na teoria, tudo está interligado para devolver o controle e privacidade total ao usuário.


























As tendências de negócios para 2022 apontam para mudanças profundas no mercado e, ao mesmo tempo, uma grande expectativa de continuação na recuperação da economia mundial."


Luis Lobão




#3 Smart Working:

A redução dos custos fixos com instalações e equipamentos dos escritórios, além do alcance de maior produtividade global nos processos de trabalho, apoiados em tecnologias da informação e da comunicação, seriam por outro lado os argumentos mais importantes para viabilizar o Anywhere Office. Na prática, trata-se de um modelo de trabalho que permite que as pessoas façam suas tarefas em qualquer lugar, como no home office, no escritório ou no coworking. Isso quer dizer que há apenas a necessidade de um espaço que seja confortável para a pessoa trabalhar com seu dispositivo, como o notebook ou o celular, conectado à internet. Para reforçar, vale dizer que trabalhar de “qualquer lugar” é sinônimo de literalmente qualquer lugar — incluindo o próprio escritório para o qual estávamos acostumados a ir antes do isolamento social. O nível formal e contratual, nos últimos dez anos, foi que as gerências das empresas resistiam obstinadamente à introdução do trabalho ágil, por meio do home office, e os sindicatos, coniventes, não lutaram para obtê-lo. É neste contexto que muda o conceito e o cenário do trabalho remoto: ao se pensar na forma quase compulsória de sua adoção no mundo atual e futuro, ele ganha realce na estratégia corporativa. A transformação do trabalho (smart working) em processo permanente e ampliado vai exigir a readequação de políticas quanto à gestão de pessoas e dos processos de trabalho, para atender a um novo cenário combinado de tecnologias, configuração espacial e ergonômica dos escritórios e dos locais de trabalho remotos, métricas para avaliação de resultados e estratégias para integração e gestão dos times de trabalho.

#4  Hipertautomação

O mercado mundial de software que permite a hiperautomação chegará a US$ 596,6 bilhões em 2022, de acordo com uma nova previsão do Gartner, Inc., líder mundial em pesquisa e aconselhamento para empresas * . Esse número é 23% maior que os US$ 481,6 bilhões alcançados em 2020 e 12% acima da projeção de US$ 532,4 bilhões para este ano. A hiperautomação passou de uma opção para uma condição de sobrevivência, as organizações exigirão mais TI e automação de processos de negócios, uma vez que elas estão sendo 





forçadas a acelerar os planos de transformação digital no mundo pós-Covid-19.

A hiperautomação é uma abordagem que permite às organizações identificar, examinar e automatizar rapidamente tantos processos quanto possível usando tecnologia, como automação de processos robóticos (RPA), plataformas de aplicações de baixo-código (low-code), Inteligência Artificial (IA) e assistentes virtuais. Os analistas do Gartner esperam que até 2024 as organizações reduzam os custos operacionais em 30% ao combinar tecnologias de hiperautomação com processos operacionais reprojetados. A mudança para a hiperautomação será um fator chave para que as empresas alcancem a excelência operacional e, consequentemente, a economia de custos em um mundo digital prioritário.

#5  Satisfação Instantânea do Cliente:

É natural que, em meio às tendências, algumas se fundam e outras se apresentem como contra-tendências. Dados estes movimentos sutis, mas de grande impacto, trazemos aqui o exemplo concreto de um mundo altamente tecnológico que, embora desfrute destes recursos, ao mesmo tempo tem buscado vivenciar algum distanciamento deles. O lado positivo do atual período de saturação digital é que, na busca por um pouco de desconexão e tranquilidade, encontramos soluções escapistas que muitas vezes acabam recorrendo à nostalgia de tempos antigos. Agora que a customização e a personalização estão se estabelecendo como padrão, as empresas precisam encontrar novas maneiras de surpreender o público. No momento, as melhores formas têm se dado a partir de soluções esporádicas que trazem ações, discursos ou eventos repentinos e inesperados (mas claro, sempre em coerência com o perfil e os valores de cada organização). Há, por exemplo, empresas que estão incorporando experiências-surpresa ou pacotes misteriosos como artifício para neutralizar a previsibilidade do personalizado. Em outras palavras, aqui a grande estratégia delas, bem como o grande deleite dos consumidores, é divertir(-se) ou impactar (ser impactado) a partir do inusitado. No auge do acesso à informação e conectividade, vivenciar experiências íntimas e informais nunca foi tão especial — ou terapêutico. 

Viver momentos até considerados triviais, unicamente cedidos pelo mundo tátil, como estar em contato com família, amigos e natureza, é uma maneira de desconectar-se temporariamente da agitada vida contemporânea, e finalmente relaxar.

Os bens materiais têm perdido força e seu espaço tem sido preenchido por experiências (vivências tangíveis) e, juntamente, por “objetos intangíveis” (por mais contraditório que este termo possa soar). Tempo livre e/ou otimização de tempo tem sido uma das maiores metas da sociedade atual, porque justamente dá a ela a possibilidade de viver mais experiências. Logo, negócios ágeis ou que entregam produtos/serviços finais que auxiliam o consumidor a ganhar o tempo (não mais um acessório de vantagem, mas um bem de grande desejo) terão grande destaque nesta nova era.


Mesmo com a expectativa otimista, é importante ter em mente que a incerteza continua dominando o cenário global, e que ainda não temos como prever o desempenho das empresas nos próximos anos. Não podemos nos tornar reféns de tendências, mas é importante considerá-las quando planejamos o futuro do nosso negócio e da nossa carreira, sob pena de dirigirmos a nossa empresa olhando pelo espelho retrovisor. Eu estou muito empolgado. E vocês?






* -  Mais informações no site: https://roboticsummit.com.br/

Nota: Artigo escrito em Português do Brasil.




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