23 de Janeiro de 2022






ANDRÉ PINHEIRO

Direção de Qualidade


Resoluções de Qualidade


O arranque de um Ano Novo é sempre uma época dada às chamadas “resoluções de Ano Novo. Praticamente todos as fazemos, sejam mais ou menos públicas, e muitas são comuns à maioria das pessoas, como perder peso, deixar de fumar, mudar de emprego, etc.



M as isto não é novo. Os historiadores estimam que esta prática de definir objetivos por alturas do Ano Novo já terá mais de 4000 anos, desde a antiga Babilónia. Mas nessa altura não era utilizado o calendário tal como o conhecemos hoje, que só foi definido em 45 A.C. pelo imperador romano Júlio Cesar (daí o nome de “calendário juliano”), ainda que este tenha sido ligeiramente alterado em 1582 pelo papa Gregório XIII (daí o nome de “calendário gregoriano”) para adequá-lo ao movimento da terra à volta do Sol (e para isto introduziu o dia 29 de Fevereiro em anos bissextos). De forma a introduzir esta correção, no ano de 1582 o calendário saltou diretamente de 5ª-Feira, dia 4 de Outubro, para 6ª-Feira, dia 15 de Outubro. Não imagino como tenham sido os aniversários nesse ano, de quem nasceu entre os dias 5 e 14 de Outubro…

O 1º mês do calendário juliano foi definido como “Janeiro” em honra ao deus Janus, que era representado como tendo 2 caras. Os romanos acreditavam que uma cara refletia sobre o passado enquanto a outra olhava para o futuro, e com base nisto começaram não só a oferecer sacrifícios mas também a fazer promessas de melhoria nos comportamentos para o ano seguinte.



Hoje em dia encontramos outras resoluções adaptadas aos tempos modernos, como passar menos tempo nas redes sociais, ou não passar tanto tempo no sofá a ver séries de TV em cadeia.

Nas empresas o cenário não é muito diferente. A passagem de ano representa um momento de viragem, uma nova estratégia, novos objetivos. A norma ISO 9001 fala dos “objetivos da qualidade”, mas eu não concordo com esta designação. A Qualidade deve ajudar a monitorizar os objetivos da empresa, abrangendo todas as áreas, pois um “Sistema de Gestão” é isso mesmo: uma forma de garantir que a gestão da empresa segue no caminho traçado para alcançar os seus objetivos, e que os indicadores definidos permitem detetar desvios e corrigi-los. Isto significa também que devem ser acompanhados com frequência, idealmente até em tempo real, e não apenas numa reunião por ano, por alturas das auditorias…

Esta é, portanto, uma altura de reflexão, não apenas no sentido de definir novas metas para os indicadores que já temos (e que poderão até manter-se idênticos, caso não tenham sido atingidos ou tenham sido condicionados, por exemplo, pela pandemia), mas até para avaliar se os que existem são úteis, porque ter gráficos e indicadores apenas para “fazer número” não ajudam a empresa.

Indicadores úteis são aqueles que


podemos influenciar, definindo ações para reagir no caso de perceber que estão a desviar-se dos objetivos. E nada impede que novos indicadores sejam definidos em função de novos desafios, ou por exemplo novas oportunidades oferecidas pelo “novo normal”, após a fase aguda da pandemia. Por exemplo, em meados do século XIX, na altura em que se democratizou a utilização de bicicletas, era habitual tomar a resolução de “vou passar a andar mais de bicicleta”. Naquela altura estes equipamentos eram muito mais simples, sem suspensão e sem pneus adequados a andar nas estradas rudimentares da altura. Isto levou a muitas dores musculares nas costas devido à posição curvada. Para tentar 

resolver este problema e obter daí algum lucro, a empresa Johnson & Johnson lançou para o mercado uma placa maleável de borracha, impregnada em químicos que aliviavam a dor e relaxavam os músculos. Terá sido este o primeiro exemplo de venda comercial daquilo que hoje conhecemos como um emplastro.

Esta reflexão também é aplicável às nossas vidas pessoais. Está estudado que as “resoluções de Ano Novo falham com grande facilidade durando, em média, entre 6 a 8 semanas até serem abandonadas. É claro que muito disto se deve à nossa força de vontade, mas também é verdade que muitas vezes definimos mal as nossas resoluções.

Por exemplo, “perder peso” é um objetivo demasiado vago, pelo que será mais útil definir ações mais concretas, como por exemplo definir um limite para a ingestão de alimentos que influenciam o peso. 



Quanto mais mensurável for o objetivo, mais fácil vai ser seguir a evolução, e maior será a satisfação se (ou melhor: quando!) o atingirmos.




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