JORGE RIBEIRINHO MACHADO
Professor AESE Business School
No HIRE, No FIRE
O PDEC (Processo de Digitalização em Curso) está a deixar as empresas de serviços com graves problemas de gaps de conhecimento: por um lado, têm colaboradores valiosos, com anos de experiência e conhecimento do negócio – são os cérebros-de-obra que levam a empresa para a frente –; por outro, têm uma falta grave de conhecimento interno que permita à empresa acompanhar a evolução tecnológica que originou o PDEC.
s gestores estão aflitos porque se perguntam como é que vão contratar quem os leve a aproveitar o PDEC e o que é que vão fazer aos seus cérebros-de-obra.
A maior parcela de custos das empresas de serviços está nas suas pessoas: seleção, contratação, formação, salários… é verdade que este custo se dilui no tempo, porque uma pessoa rende aquilo que custa e muito mais. De facto, a empresa paga um salário pelo trabalho realizado e porque, com o tempo, o colaborador retribui em formação dos outros, aumento da eficiência, retenção de clientes e promotor de referências de novos clientes, e mesmo retenção e referenciação de novos colaboradores. Além disso, uma pessoa que já trabalha numa empresa há vários anos já assimilou a cultura, já trabalha como se pretende trabalhe, e tem um conjunto significativo de conhecimentos informais que lhe permitem resolver os problemas não-formalizados que aparecem no dia-a-dia.
Assim sendo, de um ponto de vista da utilização eficiente dos recursos, parece evidente que despedir pessoas que trabalham bem e estão bem integradas há já vários anos numa empresa e contratar outras é uma medida muito pouco razoável; é gastar dinheiro duas vezes, acrescido do que se despende nos processos de despedimento (e a legislação laboral volta a penalizar fortemente quem despede).