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6 de Novembro de 2021








JORGE RIBEIRINHO MACHADO

Professor AESE Business School





No HIRE, No FIRE











O PDEC (Processo de Digitalização em Curso) está a deixar as empresas de serviços com graves problemas de gaps de conhecimento: por um lado, têm colaboradores valiosos, com anos de experiência e conhecimento do negócio – são os cérebros-de-obra que levam a empresa para a frente –; por outro, têm uma falta grave de conhecimento interno que permita à empresa acompanhar a evolução tecnológica que originou o PDEC.




O

s gestores estão aflitos porque se perguntam como é que vão contratar quem os leve a aproveitar o PDEC e o que é que vão fazer aos seus cérebros-de-obra.

A maior parcela de custos das empresas de serviços está nas suas pessoas: seleção, contratação, formação, salários… é verdade que este custo se dilui no tempo, porque uma pessoa rende aquilo que custa e muito mais. De facto, a empresa paga um salário pelo trabalho realizado e porque, com o tempo, o colaborador retribui em formação dos outros, aumento da eficiência, retenção de clientes e promotor de referências de novos clientes, e mesmo retenção e referenciação de novos colaboradores. Além disso, uma pessoa que já trabalha numa empresa há vários anos já assimilou a cultura, já trabalha como se pretende trabalhe, e tem um conjunto significativo de conhecimentos informais que lhe permitem resolver os problemas não-formalizados que aparecem no dia-a-dia.

Assim sendo, de um ponto de vista da utilização eficiente dos recursos, parece evidente que despedir pessoas que trabalham bem e estão bem integradas há já vários anos numa empresa e contratar outras é uma medida muito pouco razoável; é gastar dinheiro duas vezes, acrescido do que se despende nos processos de despedimento (e a legislação laboral volta a penalizar fortemente quem despede).


Não se defende que o mercado de trabalho fique mais rígido, mas sim “No Hire, No Fire” (“não contrate ninguém, não despeça ninguém”) com objetivo de extrair máxima eficiência do trabalho realizado pelos cérebros-de-obra. Não se contrate enquanto não tiver todos os seus processos limpos de desperdícios, enquanto houver pessoas que estejam a fazer coisas que não devem ser feitas por serem realizadas de forma ineficiente, e enquanto todos os cérebros-de-obra não  

estiverem ocupados a criar valor 100% do seu tempo – se nessa altura ainda forem precisas mais pessoas, então, sim, contratem-se!

E não se despeça ninguém enquanto houver trabalhos que precisam de ser feitos e essas pessoas tenham capacidade 

de, num tempo razoável, aprenderem o necessário para preencher o gap de conhecimentos que têm para realizar de forma eficiente os novos trabalhos.

O que os gestores têm de fazer neste

tempo de PDEC nem é despedir nem é contratar, mas sim tornar os seus processos o mais eficientes possível, e apoiar os seus colaboradores a mudarem o seu perfil de conhecimentos, preenchendo as lacunas que têm através de formação e de resolução de problemas (inovação e criação interna de conhecimento). Assim, não gastam mal os recursos financeiros que são fundamentais para poderem aproveitar o Processo de Digitalização em Curso.





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