27 de Julho de 2021








RENATA BARCELOS

Professora Associada Fundação Dom Cabral


As Pequenas e Médias Empresas do futuro*


Difícil prever o perfil das pequenas e médias empresas do futuro, principalmente, porque a evolução das organizações nunca se deu de forma homogênea e linear, especialmente entre empresas de menor porte.




Enquanto algumas delas, hoje, já nascem utilizando as tecnologias mais avançadas, outras se utilizam de uma estratégia de encaixe em uma janela de oportunidade estratégica que não exija tanto esforço na absorção de novas tecnologias de gestão e informação.

Uma coisa, entretanto, parece certa: as empresas do futuro, independentemente do tamanho, serão conduzidas por suas capacidades dinâmicas, ou seja, as capacidades de perceberem oportunidades e responderem à dinâmica ambiental de forma proativa e, até, influenciadora do seu próprio ambiente competitivo. Adaptação, criatividade, responsividade, agilidade e resiliência serão características fundamentais destes negócios pautados por capacidades dinâmicas.

Esta realidade terá (e já tem, hoje), impacto nas lideranças. Modelos de lideranças mais colaborativos, servidores e assertivos já são demandados na prática de empresas que precisam inovar continuamente. Líderes que construam times multidisciplinares e de autonomia avançada e que mantenham uma cultura de coesão com o propósito já são buscados hoje, em detrimento dos líderes do passado, ou seja, aqueles que ainda operam no regime de comando-controle.








* Artigo escrito em português do Brasil


Nas empresas do futuro, buscam-se líderes que substituem esta lógica pela de competência-confiança.

Outra necessidade para as lideranças é relativa ao pensamento analítico. A importância das evoluções tecnológicas que possibilitam análises mais precisas dos problemas mais ou menos comple­xos das empresas já pode ser percebida, hoje, nas empresas mais avançadas a partir da economia de recursos para a tomada de decisões. Mais do que tomar decisões baseadas em fatos e dados, o líder do futuro deverá construir um sistema de informações e inteligência que alimente seus times e lhes garanta autonomia com accountability.

As pessoas continuarão sendo o recurso mais precioso das empresas no futuro, mas, agora, potencializadas pelo papel das tecnologias: elas poderão fazer mais e se desenvolver mais. Para retê-las e motivá-las, as empresas deverão demonstrar que possuem um compromisso estratégico claro e de crescimento e desenvolvimento que fomente e exija o desenvolvimento contínuo de suas equipes.

A velocidade das inovações deverá, inclusive, fazer com que as empresas se tornem plataformas de engajamento de talentos a partir das quais desafios pessoais se somam a desafios organizacionais e modelos mais flexíveis de trabalho e remuneração poderão surgir. E para que estas plataformas sejam efetivas, precisarão investir em 

ativos tecnológicos que garantam que trabalhos ultrapassados e ‘ processos burros’ não precisem exigir tempo de seus colaboradores e desgastes de seus líderes.

Mas, como obter recursos para tamanho avanço sendo uma PME? A resposta está, primeiramente, em ter o desenvolvimento próprio como objetivo que potencializa suas capacidades dinâmicas internamente. Isto motiva os times e permite o alinhamento de recursos para a busca de tecnologias e soluções adequadas. Em segundo lugar, na forma como as empresas podem se organizar em redes de colaboração e parcerias com outras empresas, bem como usufruir de plataformas que possam reduzir seus custos e otimizar sua proposta ao mercado. Por último, naturalmente, em medidas de apoio governamental tão necessárias à realidade deste perfil de empresa.


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