16 de Abril de 2021











SÓNIA NOGUEIRA

 Empresária e Docente na Universidade Portucalense





Marketing empreendedor para destinos de natureza em contexto pandémico











Nunca o turismo em Portugal atravessou uma fase tão complicada. O inacreditável aconteceu: o ano de 2020 pautou-se por hotéis vazios, restaurantes fechados, eventos cancelados, quebras que ascenderam, na maioria dos casos a mais de 60%. Toda a dinâmica turística ficou em suspenso.




N

a verdade, urge pensar novos para­digmas e filo­sofias de ma­r­ke­ting para o setor de tu­rismo. Se, por um lado, a crise pandé­mica e o confi­na­mento con­du­zi­ram a elevadas quebras, por outro lado, novas estratégias empre­e­n­dedoras de marke­ting surgiram e vinga­ram.

Destacaria aqui duas grandes vertentes. Uma primeira baseada numa comunicação vocacionada para a captação da confiança dos consumidores e uma segunda assente num trabalho de promoção e destaque de atributos dos destinos.

Considerando a vertente da confiança, a adoção e promoção do Selo Safe & Clean lançada pelo Turismo de Portugal foi abraçada como uma forte aposta de marketing por parte das empresas do setor. Aliás, a iniciativa vencedora do prémio de confiança, na lista de prémios nacionais de turismo 2020, tornou-se uma importante e empreendedora alavanca usada pelos marketeers em campanha de reconquista da confiança dos seus clientes (através dos sites, redes sociais e imprensa).

Contudo, não obstante o recurso a esta ferramenta, muitos destinos continuaram a sentir o peso da recessão e não conquistaram a preferência dos consumidores. É aqui que entra a importância de trabalhar os atributos dos destinos enquanto poderosa ferramenta de marketing para os tempos atuais.









A superlotação de turistas em determinados destinos passou a ser algo a evitar, as visitas e atividades em grupo idem, os locais fechados passaram a provocar aversão nos consumidores e os restaurantes sem esplanada ao ar livre tornaram-se uma opção a evitar. Entramos aqui com a necessidade de adotar e promover novos atributos tais como: ar livre, destinos de natureza, atividades personalizadas para famílias, espaços rurais, alojamento local familiar com espaço para possível preparação de refeições pelas famílias e zonas de refeição ao ar livre com vista para a montanha. Os espaços/empresas que foram capazes de se reinventar reunindo e comunicando este tipo de atributos foram os que sentiram menos os efeitos da crise.

O Marketing adquiriu, assim, contornos empreendedores passando a estar focado em novas necessidades, repensando as palavras usadas nas mensagens (natureza, familiar, segu­rança, sustentabilidade, apoio a profi­ssionais de saúde), as imagens usadas (verde, natureza, união/estarmos juntos, esperança).

O Marketing Digital eclodiu mais do que nunca e, também nas empresas ligadas ao setor de turismo, esta foi uma realidade que auxiliou à sobrevivência. O marketing nas redes sociais, marketing de conteúdo, criação e dinamização de lojas online, plataformas de reservas online, check-in e check-out automático, entregas em casa, visitas virtuais, etc. As palavras de ordem no marketing passaram a ser: inovar, confiança, virtual, conteúdo. O consumidor passou a ditar as novas regras. Este ficou em casa mas não desconectado, muito pelo contrário. As marcas precisam de alimentar esta quase permanente presença online dos seus clientes com informação sólida, fiável, de confiança. O marketing inovou para a promoção de vales, vouchers e bilhetes antecipados. A proposta de valor foi repensada: sem contacto direto, sem deslocação ao local, simplificação de processos online, atendimento presencial controlado e em segurança, higienização de espaços, adequação de horários.

Os destinos de natureza foram e continuarão a ser a preferência dos consumidores nos próximos tempos: as aldeias remotas, as cascatas mais secretas, os trilhos de montanha, os alojamentos familiares e isolados, segurança… Os marketeers de sucesso devem agarrar oportunidades nesta área e comunicar novos benefícios em linha com o novo pensamento do consumidor. O mundo mudou. O marketing também!



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