8 de Novembro de 2020









ANDRÉ PINHEIRO

Direção de Qualidade


Fotografias D.R.




Prémios e Recompensas

 


Desde que existe ciência que se separam os animais do ser humano pelo conceito da racionalidade. Supostamente os animais serão irracionais, desprovidos do conceito de razão ou de raciocínio. Apenas agem por instinto, sentido de sobrevivência e de preservação.


Eu… confesso que não sei se estou de acordo com isto.

 



A

liás, duvido muito que qualquer pessoa que tenha animais em casa ou que cuide de animais concorde total­mente com esta noção.

Todos já vimos exemplos de cães, gatos, burros, polvos ou muitos outros exemplares de diferentes espécies capazes de abrir portas, resolver eni­gmas, pintar quadros, desenroscar fras­cos, responder a comandos verbais, etc.

E as emoções? Ah as emoções… Também já todos teremos visto exemplos de cães que ficam visivelmente emocio­nados quando encontram um dono após tempos longos de separação. E alguns gatos. Ou uma mãe leoa que chora ao perceber que o filhote morreu. Ou um macaco a tentar ressuscitar um outro após esse ter recebido um choque elétrico. Ou uma vaca a correr atrás do camião onde segue o seu bezerro. O Youtube e as redes sociais abriram-nos os olhos para muitos comportamentos que antes apenas atribuíamos a seres humanos.

Mas um conceito que esse sim já é atribuído aos animais há muito tempo (e que eu considero sinal de alguma racionalidade, por pouco desenvolvida que seja) é o da recompensa. Um cão facilmente aprende que pode receber algo que gosta se desempenhar deter­minada função, seja dar a pata ou sentar. Muitas aves canoras aprendem a cantar determinadas melodias porque sabem que a seguir recebem um biscoito.

Já com os gatos a coisa não é tão simples, pelo menos com os meus, mas vou tentando!

Eu apoio-me com frequência no mundo animal para perceber a raiz de muitos comportamentos humanos, e transportando também esta questão para o plano humano e empresarial, facil­mente percebemos que o reconhe­cimento, o “prémio” é algo cada vez mais valorizado. Se por um lado ainda é notícia quando um empresário resolve oferecer uma viagem de férias a todos os seus funcionários, ou repartir lucros com eles de forma realmente equitativa, por outro também já se vêm muitas empresas (start-ups e não só) que oferecem condições fora do vulgar, seja com áreas de relaxamento ou zonas desportivas.

A oferta de condições atrativas ou a oferta de recompensas, sejam monetárias ou em géneros, é algo que passa pela cabeça de muitos empresários como forma de motivar os seus trabalhadores e de proporcionar um melhor ambiente de trabalho. Se um aumento de salário é algo que tem um efeito limitado no tempo, já este tipo de reconhecimento é algo mais duradouro, porque permite à pessoa perceber que o seu esforço em prol da empresa pode ser alvo de reconhecimento concreto, e até que pode ter qualidade de vida no emprego.

No final dos anos 90, na empresa americana Korry Electronics, um diretor comercial prometeu aos seus em­pregados que rapava o cabelo se atingissem um determinado objetivo de vendas. Isto motivou os comerciais de tal forma que bateram o recorde de vendas,

e o diretor cumpriu com a promessa, rapando o cabelo em frente a 565 funcionários.

As normas de Qualidade não especificam que se deva cortar o cabelo como forma de motivar os colaboradores, mas sugere que se tente perceber o seu grau de satisfação. A ISO9001 reconhece apenas que toda a gente desempenha um papel no sistema de gestão da empresa, e que as pessoas devem estar envolvidas e conscientes dos objetivos da empresa. Já a ISO 10018 estabelece linhas de orientação para o envolvimento e com­petência das pessoas. Acima de tudo não podemos partir do princípio que as pessoas são números, mesmo em empresas com milhares de pessoas. Cada indivíduo é único e pode fazer a diferença.

Um exemplo recente: Em Agosto de 2020 foi anunciada a prisão de Egor Igorevich Kriuchov, um cidadão russo que tentou aliciar um colaborador da “Gigafactory” da Tesla no Nevada (EUA), para instalar um vírus nos computadores da fábrica que rapidamente se espalharia e causaria o caos na empresa líder de carros elétricos, oferecendo para isso 1 milhão de USD. Mas o colaborador preferiu “vestir a camisola” e informou o FBI, que montou uma operação para recolher provas e prender o sr. Kriuchov em flagrante.


Qual o nível de confiança que o mesmo aconteceria na sua empresa, com os seus colaboradores?

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