O contexto global dos últimos meses, dominado pelo
impacto da pandemia COVIN-19 na vida do planeta terra, permite traçar o perfil de
um empreendedor ou empreendedora suportado num triângulo virtuoso que, à volta
do omnipresente sacrifício, agrega as capacidades de risco, de inovação e de
solidariedade.
Empreender é arriscar a abandonar o status quo do “certo de hoje” pela descoberta da imensidão do “incerto de amanhã”. E passar da ideia à abertura do negócio é uma receita muito simples:
A partir deste momento vai sentir que a certeza do
planeamento é rapidamente substituída pelo contínuo caos do mercado e que a
capacidade de sobrevivência está associada à sua capacidade e rapidez de adaptação.
Bem-vindo ao maravilhoso mundo da iniciativa privada, como o atestam a Marta Velho, o Fernando Prior, a Patrícia Maia e o António Pinto.
A Marta - uma fã Margrethe Vestager, ex-ministra e
vice-primeira ministra da Dinamarca e atual Comissária Europeia para a Concorrência
-, sonhava com ter uma empresa que contribuísse para um mundo melhor, apesar de
não ter nem empresa nem ideia de base para constituir uma.
Imaginava-se a vestir uma t-shirt da Vestager ou da
também apreciada ativista sueca Greta Thunberg.
"Por que é tão fácil encontrar mercadorias
sobre celebridades como atores ou membros de bandas de música, mas não com
personalidades contribuem com algo positivo para a sociedade?"
Como o mercado não a satisfazia, arriscou e decidiu
fazer ela mesma. Este foi o seu momento Eureka! e que deu origem à Thidols (https://www.thidols.com/).
A linha “Thank you” disponibiliza vários desenhos para mostrar gratidão aos médicos, aos motoristas, a todos os que não podem ficar em casa e a todos os que aceitam ficar; e a linha “Every Country Matters” reverte 20% das receitas para a cruz vermelha internacional.
A inovação não é somente novos produtos ou
tecnologias disruptivas; não tem de ser um ato individual nem é uma inerência
única de académicos ou “nerds” de laboratório”, está em todos quantos pretendem
encontrar uma solução para uma necessidade.
Os pequenos produtores são, dos elementos
da cadeia alimentar, aqueles que mais dificuldades encontram em escoar os seus
produtos. A sua dimensão não lhes permite acesso às grandes redes de
distribuição, direcionando-os, felizmente, para o comércio tradicional e redes
de contacto pessoais.
A ANCRAS
- Associação Nacional de Caprinicultores da Raça Serrana (http://www.ancras.pt/) -, ciente das
enormes dificuldades dos seus associados em escoar neste período os seus cabritos,
encetou uma ação que redundou numa rede de divulgação que envolveu a imprensa, as
redes sociais, o sms e emails para permitir encomendas diretas de
cabritos serranos inteiros ou metades. “Os pedidos, através do e-mail
secretário executivo fernando.pintor@ancras.pt, devem ser efetuados até ao
próximo domingo, 5 de abril. As entregas são feitas em todo o país, na semana
de 6 a 10 de abril. O comprador só paga depois da entrega. O preço por quilo
orça os 11,95 euros por kg. Trata-se de cabritos serranos, pequenos, cerca de 6
kg.”
Esta ação permitiu escoar a produção destes produtores do interior e assegurar uma refeição de Páscoa mais tradicional àqueles que a puderam desfrutar.
A SOS Covid (https://www.soscovid.pt/pt) é um movimento de empreendedores solidários das mais diversas áreas profissionais e do saber, que se juntaram com um objetivo comum: fazer o que estivesse ao seu alcance para auxiliar os profissionais de saúde que estão na linha da frente do combate ao Corona Vírus em Portugal.
A Patrícia Maia e António Pinto, um casal maiato
líder de 2ª geração das empresas familiares Maia&Borges e Nimaia (http://www.maiaborges.com/), aderiram ao
movimento.
Habituados a produzir bonecos em PVC para clientes
internacionais ou para a science4you, facilmente reconhecidos pelo seu nível de
qualidade e acabamento manual, de que são exemplo a mascote Gil da expo 98 ou lendários
Schtroumpfs, passaram a produzir diariamente milhares de estruturas para
viseiras de proteção de profissionais da saúde.
Empreender
é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói
e não se sente;
É um
contentamento descontente;
É dor que
desatina sem doer;
É um não querer
mais que bem querer;
É solitário andar
por entre a gente;
É nunca
contentar-se de contente;
É cuidar que se
ganha em se perder;
É querer estar
preso por vontade;
É servir o cliente e o manter;
É ter com quem
nos mata lealdade.
Mas como impacto pode
ter
Nos corações
humanos amizade,
Se tão contrário
a si é o mesmo empreender?