Da ideia ao modelo de negócio e sua implementação. Pensar e não sistematizar é o primeiro passo para falhar.

O espírito criativo dos portugueses é deveras significativo.

António Costa
31 de Dezembro de 2019

Se escutarmos a conversa de duas ou mais pessoas numa esplanada, se não estiveram a falar de trivialidades ligados ao mundo do futebol, da moda ou das férias, é porque já estão a explanar uma ideia de negócio que, por sua vez, puxa outra ideia, a qual…

O empreendedorismo é uma atividade que está na moda junto:

  • Dos jovens que sonham ter o seu próprio negócio e um futuro unicórnio; 
  • De pessoas a trabalhar que possuem alguma disponibilidade de tempo e vontade para abraçar algo mais;
  • De pessoas de meia-idade, normalmente quadros médios ou superiores, que procuram um desafio diferente no qual possam colocar o seu conhecimento e capacidade de liderança à prova; 
  • De pré-reformados ou reformados que desejam manter-se ativos e aproveitam o momento para avançar com um sonho antigo ou oportunidade há muito identificada;
  • De desempregados que desejam aproveitar a situação para se tornarem independentes.

Uma análise mais profunda permite identificar algumas características comuns nestas pessoas:

  • Um determinado nível de insatisfação com a situação atual,
  • Uma rede de contactos que consideram interessante,
  • Uma ideia ou paixão que gostariam de testar,
  • Um certo gosto pelo risco,
  • Uns amigos ou familiares incentivadores (“fantástica ideia…”),
  • Uma certa dose de loucura,

que podem originar milhares de distintas combinações geradoras de “negócios únicos”. A corporização desses negócios é normalmente suportada numa sociedade comercial que, segundo os dados do INE referentes a 2017 para as empresas nascidas 2 anos antes, possuem uma taxa de mortalidade de 43,3%.

A que se deverá esta enorme taxa de mortalidade? 

Podendo identificar-se muitos fatores contributivos para estes resultados, existem alguns para os quais se aconselha especial atenção:

1. Enorme otimismo pessoal reforçado pelos incentivos das pessoas mais próximas do empreendedor (amigos e familiares);

2. Falta de aplicação de algumas metodologias simples de validação prévia de alguns pontos essenciais à viabilidade de um negócio (aconselha-se vivamente o recurso à matriz canvas expressa no livro “geração de modelos de negócio” de Alexander Osterwalder e Yves Peigner, https://www.strategyzer.com/ e ao “empreendedorismo disciplinado: 24 passos para uma startup de sucesso” de Bill Aulet, https://www.d-eship.com/); 

3. Desconhecimento das implicações e obrigações inerentes à posse de uma sociedade comercial;

4. Acesso fácil ao financiamento FFF (Family, Friends and Fools).

O contexto apresentado não pretende desincentivar as pessoas de empreender; antes pelo contrário, tem por objetivo salientar que esta atividade é arriscada e, como tal, deve ser acompanhada de uma boa dose de prevenção e racionalidade para que a emotividade não as conduza direta e rapidamente para um abismo. 



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