Futuro – Que competências exige?

Filomena Lopes
1 de Maio de 2019

Fazendo uma retrospetiva, verifica-se que a evolução e adoção das tecnologias de informação, especialmente através da inteligência artificial, machine learning e robótica, estão a ter impactos significativo no mercado de trabalho. Hoje, trabalhadores que executam tarefas rotineiras, e que podem ser facilmente “passadas a linhas de código”, já foram ou estão a ser substituídos pela evolução da automação. No entanto, ao mesmo tempo que algumas profissões são substituídas, novas profissões vão aparecendo também. Certo é que as novas tecnologias estão a alterar as competências que são exigidas aos trabalhadores e que a ausência dessas competências pode pôr em causa o bom funcionamento da economia e do mercado de trabalho.

No atual contexto económico, habitualmente descrito como sendo um de globalização, mudança constante, e disrupções acentuadas provocadas pelas tecnologias de informação, o trabalho requer competências desenvolvidas fora da escola e de natureza nãotécnica. Vários estudos de diferentes entidades (Delloite, World Bank, World Economic Forum) apontam para a necessidade de trabalhadores com competências que não possam ser substituídas por robots, nomeadamente competências cognitivas e sociocomportamentais. A estas acrescem, claro está, as competências digitais, uma vez que, qualquer trabalhador, do presente e do futuro, irá interagir, cada vez mais, com as tecnologias de informação no seu dia-a-dia. 

Num passado recente falava-se, com frequência e com entusiasmo, em competências tais como espírito empreendedor e criatividade. Muitas universidades mudaram os seus planos de estudos para desenvolver estas capacidades nos seus alunos. Hoje, a inovação dos negócios acarreta a necessidade da interdisciplinaridade. Aos trabalhadores exigem-se competências de trabalho colaborativo, comunicação e negociação, empatia e liderança. Deverão também demonstrar capacidade de se adaptarem à mudança e de aprenderem ao longo da vida. O pensamento crítico e a capacidade de identificar problemas, criar soluções para esses problemas de forma proativa, e tomar decisões em contextos de incerteza, minimizando riscos, são também cada vez mais valorizados no atual mercado de trabalho.

Além destas competências, na economia dos nossos dias, onde a transformação digital é palavra de ordem, não se pode esquecer a necessidade de competências digitais. Estas podem ir desde competências básicas, como saber usar diferentes aplicações informáticas ou tecnologias necessárias, por exemplo, a um trabalhador administrativo, um trabalhador de produção, um médico, ou um advogado, etc., até competências digitais muito mais avançadas, necessárias a todos os profissionais de Sistemas e Tecnologias de Informação.

Torna-se, pois, necessário desenvolver estas competências. Esta necessidade pode, e deve, ser assumida e repartida entre o estado, as empresas e os trabalhadores. Sendo certo que, no contexto cada vez mais presente da aprendizagem ao longo da vida, recai sobre os trabalhadores uma responsabilidade acrescida para, de forma ativa e crítica, desenvolverem as suas próprias competências. 

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