Mas o Scrum é muito mais do que isso, é uma
ferramenta de organização do trabalho aplicável a qualquer tipo de organização,
em qualquer sector de actividade e gerindo produtos ou serviços mais ou menos
complexos.
No entanto, seja qual for o tipo
de organizações que pretenda implementar Scrum na sua gestão diária, existe um
conjunto de regras que não devem alteradas. De forma muito simples explicamos
as mesmas aqui. O sistema é constituído por Papéis, Fluxos, Artefactos e
Eventos.
Existem três papéis e somente
três no Scrum, o de Product Owner, pessoa responsável por garantir os
requisitos base do produto, alterações/melhorias, e a entrega final ao cliente,
o Scrum Master, que é o principal responsável pela implementação e gestão do
Scrum, um facilitador, um servo-líder, alguém responsável pelo funcionamento
correcto da framework, e por último uma Dev Time ou equipa de produção ou
desenvolvimento.
Por outro lado, temos os Fluxos,
e estes não são mais do que Sprints. No Scrum o grande objectivo é em cada
Sprint entregar uma parte do produto funcionável ao cliente final, e que esta
tenha grande valor acrescentado para o cliente. Normalmente um sprint varia
entre uma semana a um mês, ou seja, por exemplo, num sprint de um mês o cliente
pode ter quatro incrementos no produto que está a adquirir, na realidade, o
cliente está a assistir à construção do produto/serviço.
Ainda no Scrum temos Artefactos,
o nome pode assustar, mas trata-se somente do trabalho ou do valor para o
fornecimento de transparência e oportunidades para inspecção e adaptação,
antes, no meio e final de um sprint. Os principais artefactos são o Product
Backlog, Sprint Backlog e Product Increment.
Por último e não menos importante
temos os eventos, que são acontecimentos que ocorrem durante e no final do sprint.
Estamos a falar essencialmente de reuniões com tempos e objectivos muito bem definidos. Daqui
destacamos o Sprint Planning Meeting, ou seja, a reunião de kick-off de cada
sprint, o Daily Scrum, uma fantástica reunião diária de 15 minutos, em pé, onde
é discutido o que se faz no dia anterior, o que se vai fazer nesse dia, e
principais obstáculos encontrados, e ainda o sprint review e o sprint
retrospective.
Mas afinal em que é que o Scrum
pode ser útil à sua organização? O Scrum é constituído por três valores:
transparência, inspecção e adaptação, que de modo frio podem não dizer nada,
mas que em organizações que aplicam o Scrum correctamente, significa: redução
dos prazos de realização dos projectos/produtos/serviços, redução dos custos
pois evitam-se as derrapagens, uma vez que o cliente acompanha o processo de
desenvolvimento do projecto/produto/serviço, e acima de tudo cria um sentimento
de união entre toda a equipa Scrum e também desta com os principais
stackholders.
Um dos principais mitos que
rodeia o Scrum é o facto de se pensar que o mesmo só se aplica a grandes
organizações que desenvolvem software. Errado! Uma pequena start-up com cinco a
seis colaboradores pode perfeitamente utilizar Scrum. Vou dar um pequeno
exemplo de uma empresa de consultoria financeira onde implementei Scrum. O
quadro de pessoal era muito reduzido, com um director, um gestor de clientes,
três consultores e uma pessoa de apoio administrativo. O primeiro passo foi
atribuir papéis, o director acumulou também a responsabilidade de Scrum Master,
o gestor de clientes mudou o nome para Product Owner mudando um pouco a forma
como se relacionava com os clientes, e a Dev Team, passou a funcionar como uma
equipa produtiva, deixando cada consultor de trabalhar de inicio a fim um
projecto, e passando todos a desenvolver uma parte do projecto como equipa
multi-disciplinar que eram. Os resultados foram fantásticos, a empresa aumentou
no primeiro período fiscal a sua facturação em cerca de 25%, e os timings de
entrega dos projectos nas datas acordadas passou para 99%!