Patrícia Carvalho e Mário Valente
são o casal das ervas do casal. Estivemos à conversa com eles para conhecer
melhor o seu projeto.
Como surgiu a ideia de criar a ervas do casal?
O gosto pela terra, pelos cheiros da natureza, pelas cores deve ter nascido quando acompanhava os meus avós nos trabalhos do campo e passava horas com os pés nas valas de rega do milho, subia ás árvores, comia os cachos de uvas na altura da vindima e fazia palhinhas com os caules de abóboras. Depois conheci as Plantas Aromáticas e Medicinais e apaixonei-me. Os meus avós eram agricultores e a certa altura foi necessário decidir o que fazer com os terrenos. Foi aí que colocamos a hipótese de cultivarmos Plantas Aromáticas e Medicinais. Estudamos o assunto e decidimos avançar com o projeto. Recuperamos os terrenos de cultivo e os antigos edifícios de apoio e começamos a produzir as plantas. Pelo meio, verificamos que os equipamentos que existiam no mercado eram pouco adequados e demasiado caros e começamos a desenvolver os nossos próprios equipamentos (máquina de corte de plantas, plantadores, sachos de roda, etc). Estes funcionaram tão bem que acabamos por criar uma marca, a MAAB - Máquinas de Apoio à Agricultura Biológica, que desenvolve e comercializa equipamentos para uma agricultura sustentável. Neste momento as Ervas do Casal produzem Plantas Aromáticas e Medicinais secas, óleos essenciais e hortícolas.
O
porque a posta na produção em modo biológico?
Porque por principio não poderia ser de outra forma. Fazer agricultura com
produtos químicos de síntese que se vão acumular no solo, nas plantas e acabam
por ser ingeridos pelas pessoas não estava nos nossos planos. Pretendíamos
fazer uma agricultura em que o respeito, pelo solo, pelo meio envolvente, pelos
ciclos da natureza e pelas pessoas fosse tido em conta. Por outro lado, todo o
mercado da Plantas Aromáticas e Medicinais está baseado na produção em modo
biológico, com uma mais valia de valor.
O sector da agricultura biológica está a crescer na Europa e em
Portugal. Cada vez mais o consumidor está consciente das vantagens de consumir
produtos biológicos, no entanto ainda há um enorme trabalho de divulgação e
informação a fazer nesta área.
Qual
a vossa gama de produtos/serviços. Como adquirir os vossos produtos?
Os nossos produtos são Plantas Aromáticas e Medicinais secas e frescas,
hortícolas e óleos essenciais. Podem ser adquiridos pelo facebook, em lojas
locais e feiras e mercados. Organizamos visitas à exploração e oficinas ligadas
às Plantas, Agricultura Biológica, Natureza e Bem-Estar.
As Ervas do Casal têm uma enorme gama de plantas secas e frescas que vai
variando ao longo do ano. Algumas das plantas são: stévia, limonete, tomilho
vulgar, laranja, limão e bela-luz, segurelha, manjerona, salva, perpétua roxa,
perpétua morango, flor de sabugueiro, calêndulas, mentas, poejo, hortelã
vulgar, louro, manjericão roxo e muitas outras. Fazemos a venda direta ao
consumidor e venda a granel para revendedores.
Os nossos óleos essenciais são produzidos por nós com as nossas plantas.
Temos os seguintes óleos: hortelã pimenta, salva, tomilho vulgar, tomilho
bela-luz, segurelha, e alfazema.
É fácil empreender no setor agrícola?
No sector agrícola para além de ter de haver uma ideia clara do que se pretende fazer, há que ter em conta a todos os fatores da Natureza. Para além de ter uma ideia para uma produção agrícola, um produto ou um serviço e de se fazerem analises de mercado e plano de negocio há que conhecer bem as condições de produção da cultura e o mercado onde se pretende estar presente. E há sempre muitos imponderáveis: o clima, as pragas, as doenças, se chove ou se a temperatura é demasiado elevada, etc.
Quais
os maiores desafios enfrentados até ao momento?
O maior desafio é a produção em si e o tempo! Conhecer as
culturas, as suas necessidades e melhores formas de produção dentro do espírito
do modo de produção biológico. O facto deste setor ser relativamente
recente e ainda não estar bem organizado como fileira e ter ainda uma pequena
dimensão, cria algumas dificuldades em termos de escoamento dos produtos.
Que projetos para o futuro?
Para o futuro pretendemos evoluir na produção dos óleos essenciais,
desenvolver alguns produtos com valor acrescentado, criar uma plataforma de
venda de produtos on line e criar um Parque dos Aromas na Exploração.
Paralelamente pretendemos continuar a desenvolver equipamentos
agrícolas na MAAB de forma a colmatar uma serie de necessidades de
operações que existem desde a colheita, ao corte caules, limpeza de ervas, etc.
Que
conselhos darias a quem quer empreender?
Ter um sonho! Na área agrícola é mesmo preciso gostar-se
muito do que se faz, pois a exigências em tempo, disponibilidade e
resiliência são enormes. E depois fazer um bom plano de negócios e estudar
muito bem o mercado em que se pretende entrar.