Tecnologia - A arte da Guerra

Todas as guerras são sangrentas, sofríveis, evitáveis

Rui Pedro Oliveira
31 de Janeiro de 2016

Todas as guerras são sangrentas, sofríveis, evitáveis (pelo menos ambos os lados têm pessoas que assim julgam), inevitáveis (pelo menos ambos os lados têm generais e líderes que assim pensam) mas inevitavelmente além de haver sempre um vencedor, embora nas disciplinas de História nas escolas, as versões variem de país para país, há sempre quem lucre com isso, nomeadamente várias indústrias e demasiadas pessoas que não deviam. Porém, um avanço incomensurável da tecnologia durante cenas bélicas, à primeira vista, não nos permite sequer ligar que foi devido a sucessivas guerras que alguns dos instrumentos tecnológicos mais banais hoje utilizados apareceram e entram nas nossas vidas como se parte integrante da nossa massa muscular fossem.

A título de alguns exemplos mais conhecidos, saliento o desenvolvimento da Internet e o dos computadores assim como do gps. As guerras tornaram o crescimento destas duas parcerias a maior revolução industrial e tecnológica, a meu ver feita de uma forma logarítmica se olharmos para um gráfico bidimensional.

Se dos primeiros basta olharmos para os milhares de plataformas que sustentam este texto (derivar sobre tudo isto dava um artigo autónomo) verificamos que, o GPS, é das tecnologias mais usadas num ambiente de guerrilha, embora nunca se permita a pensar que os mapas que usamos hoje num smartphone ou no pulso quando vamos fazer jogging deriva dessa necessidade bélica. Assim, se retrocedermos no tempo, concluiremos que em consequência da II Guerra Mundial e após um uso geolocalizado por parte da força aérea americana, que mais tarde haveria de dar lugar ao vulgar GPS e à sua facilidade e usuabilidade em aplicações diárias de qualquer individuo.

Os exemplos do desenvolvimento como consequência da guerra continuam nomeadamente ao nível da navegação e do controlo de tráfego aéreo. A facilidade com que podemos afirmar que por hora há cerca de 5000 aviões no ar, e mais de 100.000 pessoas nos céus (estatísticas não oficiais) tal facilidade de monitorizar com segurança os diversos espaços aéreos deveu-se a uma tecnologia desenvolvida durante a I Guerra Mundial, em San Diego, na Califórnia, faz precisamente em 2015, 100 anos.

Fogão Micro-ondas? Sim, um engenheiro durante a guerra fria, que trabalhava arduamente no desenvolvimento de radares, descobriu que sempre que trabalhava com micro-ondas (não o fogão naturalmente) uma barra de chocolate que costumava carregar no seu bolso para o lanche, derretia facilmente. Assim se começou a trabalhar numa solução de aquecimento que hoje invade qualquer cozinha em todo o mundo.

Não se pretende, aqui, esgotar todos os desafios possíveis, mas lembrar aqueles mais curiosos. No âmbito da medicina, o uso massivo de antibióticos e o desenvolvimento das ambulâncias tudo em prol das tropas feridas em situações de combate e distantes dos centros hospitalares onde pudessem ir ao encontro da cura atempadamente.

No entanto, existem casos curiosos de avanços tecnológicos que certamente podem originar uma certa inversão no comportamento, hábitos e mesmo segurança nas pessoas.

 Com os automóveis inteligentes, que todos os dias vemos em vídeos virais espalhados pelo Facebook e pelo You Tube, que guiam, estacionam, vão buscar o condutor ao sítio desejado pelo pulsar do seu smartwatch, e mais alguma coisa que faça com que o condutor não tenha qualquer intervenção na direção do veículo. Aqui, a taxa de alcoolemia permitida por lei para quem for conduzir estes veículos, manter-se-á? Ou será abolida?

A tecnologia cada vez mais substitui a mão-de-obra nas empresas, é um facto. Seja pelo uso de robots, computadores, inteligência artificial, entre outros. Graças a esta evolução, naturalmente a medicina também evolui. A esperança média de vida aumenta, e obviamente a idade da reforma tem que ser alterada. A demografia por m2 evolui. A tecnologia e a hipótese de novos empregos permite empregar mais gente? Serão os novos a ocupar esse lugar?

E daqui a 10 anos, 60% dos empregos que existirão, não existem ainda hoje. Uma nova geração, parte da geração dos 40 anos, trabalhará em situações que ainda hoje desconhecemos. E daqui a 10 anos? Serão 80%, e daqui a 20, 90%? Será que estamos perante a transmissão tradicional deste paradoxo em que temos uma corrida entre Aquiles, o herói grego da Ilíada de Homero, forte e corajoso como nenhum, simbolizando a velocidade, e opostamente a tartaruga, símbolo da lentidão, mas que nunca ultrapassará a tartaruga? O famoso Paradoxo de Aquiles de Zenão de Eleia?

Fala-se cada vez mais nos automóveis que se transformam em aviões a meio da sua caminhada. Como será a legislação para este fenómeno? Será nas maiores avenidas, como por exemplo a Avenida da Liberdade em Lisboa ou a Avenida da Boavista no Porto, que os mesmos poderão ter corredores aéreos à semelhança do que os helicopetros em S.Paulo têm na Avenida JK ou Avenida na Paulista? Se sim, quando aterram e onde? Já agora, quando se der o primeiro acidente no ar, estaremos perante o efeito Concorde? Mal haja o primeiro, corta-se no erro da inovação que serviu tanta gente durante imaculado tempo ao ponto de desde aí nunca mais ter havido um avião comercial tão veloz como o Concorde em que a primeira peça foi fabricada em 1965?

50 anos atrás? Quo vadis inovação?

 

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